/ El establo de Pegaso: Maria Azenha

sábado, 15 de noviembre de 2008

Maria Azenha




Nem sequer podemos ficar tristes

pertencemos a uma geração sem brinquedos a sério.
- os avós morreram. fecharam-nos para sempre em livros -
do coração dos poemas extraíram petróleo
fizeram dos barcos uma metáfora para cegar os olhos


não há quem nos faça acreditar em bonecas de trapos
nem em trapezistas de madeira para sonhar

silenciosos e fractais os relógios de ausentes cais
circulam sem gritos nas metrópoles
nem sequer podemos ficar tristes

ficámos todos tão velhos

Xadrez

Sobre a mesa jaz a minha pena
que se estende, em sombra, em um papel fantasma.
Quem escreve? Quem nele me assombra?
E me acode?
E me plasma?

Com o compasso componho o meu deserto.
Com a mão vou cruzando o vento.
Dou um passo.
Outro, mais incerto.

Em fios de seda regresso ao xadrez do tempo.

Poemas de Maria Azenha tomado de su espacio o mar atinge-nos

1 comentario:

Memória transparente dijo...

Que colheita de ouro fez da Poesia Portuguesa. A nossa e vossa, a Poeta do universo, Maria Azenha.

Obrigada pela partilha.

Bem haja.

Abraço.